...uma memória adulta que voltou atrás nos tempos,
á sua infãncia e, relembra histórias e lendas de encantar através de textos originais ou,
simplesmente adaptações dos mesmos,e,
ou ainda de minha autoria...
Bons sonhos
***

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A Feia e a Bela

Há muitos muitos anos atrás,num lindo castelo ,nasceu um principe tão narigudo , mas tão narigudo que a rainha sua mãe debulhou-se em lágrimas,pois jamais se vira um menino tão narigudo assim...
Naquele tempo haviam as fadinhas que andavam por ali a esvoaçar alegremente e eis que uma delas ouviu os lamentos da bela rainha mãe...
Aproximou-se do principezinho, tocou a sua cabecinha pequenina com a sua varinha de condão e assim lhe sentenciou:
-Narigudo nasceste,mas eu te fado e torno a fadar,a fim de que sejas o rapaz sensato ,que a noiva Bela –Feia pela Feia-Bela há-de trocar-
logo acrescentando para a rainha:
-Este meu afilhado ,não só terá muito tino,como ainda o dom de tornar esperto quem ele quiser.
Com isto ficou a rainha consolada,tanto mais que com o decorrer da idade,o principe narigudo veio realmente a mostrar-se muito ajuizado.
Ora no reino vizinho,acontecera que a respectiva rainha também havia sido mãe,e de duas gémeas na mesma ocasião em que nascera o principe narigudo.
Uma das gémeas era linda como os amores , a outra feia como uma macaquinha.
Assim quando a mãe as viu,ficou simultaneamente muito alegre e muito triste.
Alegre com a beleza da primeira e triste com a fealdade da última.
Mas então apareceu-lhe a Fada Madrinha do principe narigudo,que ao longe a ouviu também , que a preveniu:
-Não se alegre tanto sua Majestade com a boniteza da pequerrucha, pois não há bela sem senão.Ao passo que ela será muito tapada , a sua mana , pelo contrário, ninguém a vencerá na finura.E, além disso , esta terá ainda o dom de tornar bonito quem ela quiser.
Crescendo as irmãs, verificou-se assim a profecia da fada...
A princesa bela se a todos atraia com a sua rara beleza,também afastava a todos com a sua estupidez.
A princesa feia com os seus ditos inteligentes,não tardava porém a transformar a sua fealdade em simpatia e portanto a repulsa em atracção.
Por isso em breve os cortesãos lhes chamavam a Feia-Bela e a Bela-Feia.
Ora a Princesa Bela-Feia, apesar da sua estupidez,acabou por compreender a razão porque as amigas e outras pessoas depressa a abandonavam,por isso encheu-se de inveja da irmã, mas, como também era orgulhosa , só chorava longe das vistas de toda a gente.
E andando certo dia a passear sozinha no jardim do palácio, a lamentar em voz alta a sua desgraça, sucedeu que o principe narigudo,que viera de visita ao seu reino,a encontrou e lhe disse,condoído e já enamorado da sua beleza:
-Sou o principe Narigudo.Presenciei as tuas lágrimas e ouvi os teus lamentos.E, porque tenho o dom de tornar esperto quem eu quiser,porei fim á tua tristeza,se prometeres casar comigo de hoje a um ano.
Bela-Feia prometeu e no mesmo instante tornou-se fina que nem um coral.
Assim de regresso ao palácio todos se maravilharam com a mudança,e, com isto,a fama da sua pessoa atravessou as fronteiras do reino, e vários duques vieram solicitar a sua mão .
Ora , um destes tinha tanto de rico como de bonito,e a princesa concordou,por isso em casar com ele,muito embora a promessa anteriormente feita.
O caso é que , esperta como era agora,pensava constituir grossa asneira perder um noivo,rico e perfeitinho,por causa de um narigudo...
Chegou a véspera do casamento...
Indo a noiva colher flores ao jardim para o seu ramo, ouviu de súbito debaixo dos pés um ruído surdo,a modos do vaivém de muitas pessoas.Prestando mais atenção , ouviu uma voz que dizia:
-Traz-me essa panela
E outra:
-Dá-me a sertã
E ainda outra:
Deita mais lenha no fogão,senão ele apaga-se e não poderemos cozinhar o banquete para o casamento do nosso amo o principe Narigudo!
Perante isto ,Bela-Feia lembrou-se da sua promessa e,a tremer ,correu até junto da sua irmã pedindo-lhe que a salvasse da situação em que se encontrava.
Feia-Bela dirigiu-se ao jardim,e, no sitio do ruído,achou-se diante do princepe Narigudo a quem rogou, com muitas lágrimas,que restituísse á sua irmã a sua palavra.
Ele fez-lhe a vontade e Feia-Bela pensou que nunca encontrara ninguém com tão bom coração.O mesmo pensou também dela o principe ,que,por isso, a achou ainda mais linda do que á irmã e lhe ofereceu a sua mão ao que Feia-Bela respondeu:~
-Com todo o gosto aceito ,Alteza,pois nunca encontrei principe mais bonito.
Realizaram-se assim no dia imediato, em vez de um ,dois casamentos,sendo servido o banquete,preparado na cozinha encantada do jardim.
Durante ele, os convidados fizeram lindos brindes aos noivos,que depois tiveram que agradece-los.
Ora o duque pediu á sua noiva Bela-Feia que se desempenhasse em seu lugar.da obrigação mercê da sua esperteza.
A princesa assim fez mas com o espanto de todos só disse tolices, pois voltara a ser a menina tapada de outrora.
A risota foi geral.
E então Bela-Feia ,virando-se muito raivosa para a irmã , disse-lhe:
-Eu sou tapada ,mas tu és feia como uma macaca.
E Feia –Bela já estava prestes a chorar , quando a fada , que assistia ao banquete interveio:
-Deixa lá pequena,que não será por isso que o principe deixara de gostar de ti, pois numa noiva , num amigo,ou num bom companheiro, a quem se quer bem , nunca se pode ver nada de ridículo!
Segundo consta , a fada tinha razão, pois na verdade Feia-Bela e o principe narigudo foram muito felizes , para maior castigo da invejosa Bela-Feia.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Até adormecer...

Deitada no seu leito real,está uma linda menina de tenra idade...
Ao seu lado,abraça ela a sua amiga mais fiel-Rosinha-uma linda boneca de plástico,que abre e fecha os olhos,mexe as perninhas e os bracinhos e o cabelo esse...é da cor do da linda menina-da cor do sol por-aos cachos...só que...de plástico.
Á sua volta ,cochilam as suas amigas ,companheiras das longas brincadeiras e imensos passeios imaginários ,como que a descansarem também , para logo a seguir retomarem a brincadeira...
Os seus cabelo da cor do sol por, não de plástico como os da Rosinha,mas macios e cheirosos, enfeitam a fronha da acolchoada almofada,deslizando estes sob o seu nome bordado por umas mãos de fada,as da Rainha sua Mãe.
O seu berço de verga a protege, para ao n'ele estar,poder mexe-se á vontade,sem o perigo das quedas,ladeado por acolchoadas almofadas , para as suas "cabeçadas" poder amparar.
Nestas podem admirar-se os mais simpáticos animaizinhos de todas as raças e cores.
O seu berço o construiu o seu Avô Rei, pai de seu Rei Pai,ainda a linda menina se passeava no lençol,pendurada no bico da sorridente cegonha ,sem saber ainda ao certo onde iria pousar.
Aconchegada no seu quase dormir, pela maciez da "suma uma",outrora enrolada na seca palha com que a Rainha sua Mãe encheu o tecido,aquele que costurou á medida para tão belo berço e em colchão se transformou.
Sob um lençol de puro linho, sorri a linda menina ,tentando-se libertar de um outro que a cobria ,bordado a finas linhas ,crochetado na sua extremidade superior de belas rendas reais .Rosetas de brancas flores unidas pelo enlace das finas linhas , adornam o seu berço,ao mesmo tempo que de manta serve para a aquecer nas noites de maior frescura.
Volta a abraçar a linda menina a sua amiga inseparável,companheira que n'um dia cinzento chegou,onde lágrimas de saudade brotavam do céu convulsivamente sem cessar.
Alguém á porta havia batido nesse dia ,transportando a linda Rosinha ,com o intuito de á linda menina a entregar,numa bela e enorme caixa de cartão colorida,selada e timbrada pelos correios, onde se podia verificar que fizera uma longa e "cansativa" viagem...
Havia sido esta embrulhada com muito amor,para ao a caixa a linda menina abrir , por ele ser invadida,remetida com muita saudade pelo Pai Rei,pelos longos dias sem o seu terno olhar,enviada com a esperança de sentir a sua linda menina um sorriso esboçar...seu Pai Rei assim o desejava com o envio da Rosinha , na altura maior que a linda menina...
Este distante estava ,de saudades no pensamento a abraçava,com a maior das ternuras o seu primeiro sorrir no seu coração guardava...com uma tristeza imensa o "xaxau" na hora da partida todos os dias assimilava...
Desde os seus nove meses de vida a sua querida filha não tocava,apenas por fotografias lhe sorria e com o seu sorrir na sua memória de saudades assim vivia.
Lá longe, não sabia a linda menina porquê,a sua vida e de seus companheiros defendia,
pela pátria lutava nas guerras do Ultramar...
Sonhava poder voltar a abraçar o seu país, a sua terra natal... o seu lar...a sua família...um dia.
E assim a linda menina quase a dormir...sempre á espera que Avó Rainha ou a sua Rainha Mãe lhe contassem as mais belas histórias sobre quem já se não recordava o seu olhar, mas que fazia pulsar aceleradamente ao o seu nome pronunciar:"Papá".
Rodeada pelas suas amiguinhas,que foram nascendo de trapos e farrapos;retalhos de seda e veludos;restos de linhas e lãs;botões que se foram guardando,fitinhas que foram sobrando;elásticos e cetins que se foram acumulando aquando para os lindos vestires da linda menina já se não iam precisando,enquanto as mãos de fada da Rainha Mãe os ia costurando,bocejava a linda menina, esfregava os olhinhos e...assim adormeceu num sono profundo,abraçada pelo amor e carinho, embalada pela ternura na história contada ,que num beijo a aconchegou a sua Rainha Avó assim que a linda menina , no seu sono encantado e sereno os seus olhos cerrou...

''